sábado, 31 de março de 2018

CIGANA DA MATA

Esta entidade de pomba-gira trabalha na linha de Oxossi, e muitas vezes se apresenta como a cabocla Jurema. Seus domínios é muito grande e seu condutor é o Exu da Mata. Esta entidade esta sempre disposta a ajudar a quem for pedir a sua ajuda. Ela se apresenta em forma de índia e sua oferendas são coloridas. Adora receber incenso ao invés de velas , prefere bandeja de flores e frutas e não gosta de cigarrilhas, bebe vinho tinto e suave e gosta de perfumes e adornos para usar nos braços e pernas.
Esta entidade trabalha para abertura de caminhos... sendo para a saúde e negócios... faz amarras de amor, mais só quando esta bem incorporada. Ajuda as pessoas a resolver problemas de justiça e achar objetos perdidos. Suas oferendas são ofertadas nos cruzeiros de matas ou em cima de árvores frondosas. Dispensa toalhas e papeis de seda por folhas de mamoneiro ou bananeiras. Saravá a Senhora das Matas!

“Do meio da mata se ouve um grito...o vento sopra em nossa direção,... trás em nossas narinas o perfume suave da dona das matas, juremas e nanas... Salve a mulher do arco-iris salve o exu coberto de flor... Vem chegando pomba-gira da mata... trazendo consigo muito mel e fervor.”

cigana MENINA

CIGANA cigana MENINA
Existem muitas entidades da linha de pomba-giras que são ciganas e meninas, mai eu vou falar de uma entidade específica que é conhecida como a ciganinha menina. Esta entidade chegou ao mundo astral nos seus 14 anos de idade vítima de assassinato seguido de estupro. Foi socorrida de imediato pelo povo do oriente, grande mestres e andarilhos do mundo astral... onde segue com sua caravana e seguidoras de sua entidade.
Pomba-gira cigana menina, gosta muito de trabalhar para o amor e sedução, pois como não teve tempo de conhecer o seu prometido quando vivia na terra, gosta de ajudar as pessoas para que tenham sorte no amor. Tem muita simpatia por ambos os sexos e esta sempre dando mensagens de amor e carinho. Suas médiuns são sempre mulheres jovens e bonitas. Como antes do seu desencarne ela tinha cortado os cabelos por uma promessa de sua mãe a Santa Sara Khali, quase sempre seus cavalos escolhidos ou aparelhos... tem o cabelo comprido e sedoso onde ela passa o tempo todo a acariciar. Adora receber presentes nas Campinas e estradas de chão, maquiagens e adornos são os preferidos, mais não esqueça das rosas vermelhas e do vinho branco suave, perfumes e velas vermelhas e cor-de-rosas.
"La de baixo da mangueira quem canta é o sabiá..la de baixo da mangueira quem canta é o sabiá! Mais seu canto é tão formoso que resisto a acreditar... credito ser a ciganinha porque seus guizos ouço a tocar ...vem cantar nos meus ouvidos como o canto do sabiá, vem cantar cigana menina a todo pranto vem cantar... o assobiar desta bela jovem enfeitiça a quem escutar... ela é a bela ciganinha.. que vem toda proza a prozear... "

CIGANA DA CALUNGA

Pomba-Gira da Calunga, é uma entidade muito poderosa e muito prestigiada por mulheres e homens que perderam seus amores por algum motivo ... Esta Pomba-Gira é procurada também para problemas de saúde e de abertura de caminhos e vícios.
Pomba-Gira da Calunga foi uma moça que durante o tempo que viveu no mundo terreno, passou por inúmeros sofrimentos na vida terrena , perdeu os pais muito cedo e foi criada na rua. Foi mulher da vida, viciada no álcool, praticou inúmeros abortos e morreu de suicídio. Esta entidade quando chegou no mundo espiritual pertencia ao limbo, onde sofreu ainda mais as dores de suas faltas aqui na terra. Através do Exu da Calunga que ela conheceu em um momento de desespero,tornou-se sua assistente direta e conheceu a Umbanda onde foi Coroada como a Mulher do Calunga, que hoje é conhecida como Pomba-Gira da Calunga uma entidade de fé e conhecedora dos mistérios das sombras.
“Na penumbra da noite os morcegos chiam... no portão da calunga surge uma mulher... tão linda como a madruga ... é pomba-gira da calunga... ela é exu mulher

POMBAGIRA CIGANA GIRA MUNDO



POMBAGIRA CIGANA GIRA MUNDO 

Esta entidade de pomba-gira muito rara de se encontrar é trazida pelo exu Giramundo quando este bem incorporado em seu médium, Pomba-Gira Giramundo é uma gira muito nobre e tem como fundamento abertura de caminhos para viagens de longa distancia. É para ela que se pede para um amor que esta em outro pais voltar ou não esquecer sua amada. É para esta entidade de poder que se pede para tudo dar certo em uma viajem onde precisa-se atravessar fronteiras sem problemas. Esta gira quando amarra alguém... amarra mesmo! Portanto pense bem se quiser usar sua magia para amarrar uma pessoa.
Ela gosta de receber suas oferendas perto de aeroportos,rodoviarias...mais seu lugar preferido é nos cais de porto, onde antigamente era seu habitat natural.

"ela volta do cais amarrando o moço, salve-se seu marinheiro é a gira Giramundo atacando de novo!"

POMBAGIRA CIGANA DO CEMITÉRIO

POMBAGIRA CIGANA DO CEMITÉRIO 
Esta bela entidade que faz parte do povo das almas é uma das pomba-giras mais lindas quando esta incorporada, e é muito requisitada para trabalhos de amor e separações... Como é uma Pomba-gira de pura sedução esta sempre buscando companhias, por isto não é raro pessoas sentir e ver sua presença em cemitérios e calçadas próximas em noites de lua cheia, principalmente homens. E uma das giras mais próximas do mundo terreno e adora trabalhar para ambos os sexos. Sua arte é a sedução... e esta sempre mostrando seus poderes tanto no mundo astral como quando esta trabalhando em nossos terreiros. Adora receber suas oferendas e pedidos nos portões e nos cruzeiros de cemitério... não pode faltar rosas vermelhas, licor, champanhes roses, perfumes e adereços... Nunca se surpreenda com esta entidade e tenha certeza dos seus pedidos, porque pomba-gira do cemitério, trabalha para todos lados e quando ela promete... ela cumpre! O lema dela é” Faça a sua parte ... que eu faço a minha”

“Ela é rainha na sua morada... na sua morada ela é poder e fé! Ela é a dona do cemitério ... ela é o exu mulher...”

POMBAGIRA CIGANA DA ESTRADA


POMBAGIRA CIGANA DA ESTRADA
Esta entidade queridíssima e respeitada dentro dos terreiros de Umbanda, quando chega ao mundo vem sempre sorrindo e dando gargalhadas, mostrando que sua vinda no astral é tão alegre quanto o seu tempo aqui na terra. Pomba-Gira da Estrada gosta de trabalhar para o amor e para trazer o pão (dinheiro) a quem a sua ajuda precisa. Tudo ela faz com satisfação e alegria, mais como toda a cigana... gosta de bons agrados... pulseiras, anéis, perfumes e lenços coloridos... Gosta de receber suas oferendas e pedidos nas Campinas das estradas... pode ser nas segundas ou sextas-feiras de lua cheia para trabalhos de amor e na lua crescente para trabalhos de dinheiro... Peça com fé e respeito que pomba-gira da Estrada vem alegre para lhe ajudar!

“ Vinha caminhando a pé para ver se encontrava uma cigana de fé... Ela parou e leu minha mão... me disse toda a verdade... eu queria saber a onde mora a pomba-gira cigana!”
Sarava cigana da Estrada!

POMBAGIRA 7 SAIAS

POMBAGIRA 7 SAIAS
Esta é uma das entidades mais conhecidas e queridas dentro da Umbanda e Povo do Oriente, é a cigana Sete Saias. Muitos médiuns e chefes de terreiros por falta de informação não costumam apresentar esta maravilhosa entidade com a sua verdadeira origem cigana, fazendo desta linda gira uma pomba-gira de encruzilhada. A Pomba –Gira Cigana Sete Saias é considerada a Deusa do Amor pelo povo do oriente, e a ela que as moças recorrem quando desesperadas por falta de amor. “ A lenda conta que a Cigana Sete Saias foi apaixonada por um moço “não cigano” o que seus pais não aceitavam... e proibida de viver este amor parou de comer até vir a falecer. Quando seu corpo estava sendo preparado para velar, sua mãe trouxe suas sete saias favoritas e colocou a seus pés para poder rodar e jogar cartas nos caminhos do astral superior. A moça chegando as astral, foi recebida por Santa Sara a qual a designou a proteger e ajudar todas as moças que choravam por seus amores proibidos e impossíveis... É a esta entidade poderosa que as mais serias mandingas de amor são realizadas... e há quem diga que o que a Cigana Sete Saias Une... Ninguém separa!

Esta pomba-gira gosta de receber suas oferendas e presentes nas encruzilhadas de campo e preferencialmente as 18:00 nas sexta-feiras de lua cheia. Nas suas oferendas não pode faltar perfume de flores ou gardênia... sua velas são coloridas quase sempre vermelhas, brancas e Rosas... que são as cores que simbolizam o sexo, o amor e a tranqüilidade nas relações.


“Há quem diga que ela vem dos cruzeiros... há quem diga que ela vem do luar... me diga oh meu Deus de onde vem Pomba-Gira Sete Saias e onde ela quer trabalhar!?”
Saravá cigana Sete Saias!

segunda-feira, 26 de março de 2018

Pombagira Cigana das Encruzilhadas

"Vinha caminhando a pé, para ver se encontrava a minha Cigana de fé.
Ela parou e leu minha mão e disse-me toda a verdade... E eu só queria saber onde mora: Pombagira Cigana de fé!"

Essa Pombagira Cigana possui uma história bastante peculiar de solidão e sofrimento. Nasceu na Baviera (Bayern - popularmente conhecida por Bavária), uma das maiores regiões da Alemanha. Seu nascimeno foi muito festejado por seus pais, que pertenciam a religião pagã dos Celtas - o Druidismo. Ela seria uma sacerdotisa (druidesa) e desde muito cedo aprendeu a arte de curar, os nomes das ervas e a interpretar os sinais da natureza. Aos doze anos era uma linda menina que conhecia muito de sua antiga religião.
Nessa época a Inquição fazia incursões pela Europa caçando "bruxas" e antigos seguidores das religiões ancestrais. Seus pais sempre mantinham tudo muito bem guardado e escondido num porão. Mas, alguém os delatou e a Inquisação bateu em sua porta. Seus pais foram presos, julgados e condenados. Seu irmão foi degolado ali mesmo. E ela, por ser menina, foi preservada e levada até a Itália, para ser a serva de um importante Bispo. Durante um ano tentou em vão escapar. Quando a oportunidade surgiu, ela apunhalou seu captor e conseguiu fugir. Foi ajudada por um guarda em troca de favores sexuais.
Atravessou a Itália, com a intenção de retornar à Alemanha, mas quando soube das Guerras que por lá estavam acontecendo, decidiu ir para a França. Já estava com 17 anos e toda a sua inocência havia se perdido. Agora conhecia a realidade da vida e a crueldade do homem. Sobreviveu na travessia, escondendo-se pela estrada, viajando a noite e trocando favores como podia.  Ela chegou ao sul da França em 1728 e se instalou numa choupana abandonada próximo a um vilarejo. Com o tempo, começou a praticar sua antiga religião e começou a ser procurada por aqueles que precisavam de ajuda. Ganhou a confiança do vilarejo e pode viver tranquilamente por vinte anos. Nunca quis casar, porque ainda lembrava os maus tratos que sofreu, quando menina, nas mãos de seu captor.
Porém, a Inquisição voltou a encontrá-la e dessa vez não escapou. Foi presa, julgada e condenada por prática de bruxaria. Torturam-na e enforcaram-na numa encruzilhada da vila. Muitos no vilarejo também foram mortos. Durante algum tempo seu espírito vagou querendo vingança e perseguindo aqueles que a condenaram. Quando foi recolhida à Aruanda compreendeu sua história e relembrou sua missão de vida. Foi convidada a ficar e a trabalhar; poderia usar todo o seu conhecimento ancestral e auxiliar a quem necessitasse. Assim, tornou-se a Pombagira Cigana das Sete Encruzilhadas, porque seu espírito viajou muito e conheceu muitas estradas...

A Pombagira do Brejo

E sua missão de cura.

Essa importante, mas quase desconhecida Pombagira, trabalha na Linha de Nanã, com a energia de cura das águas dos lagos e pântanos. Em sua última experiência de vida, nasceu em 1630, na região de Estrasburgo, na Alemanha Ocidental; em plena Guerra dos Trinta Anos, onde vários países europeus guerreavam entre si por terras, poder e religião. Nesse período, a Alemanha viveu um de seus piores declínios.
Sua família era de origem nobre e seus pais eram importantes comerciantes judeus na época. O estado alemão confiscou seus bens, suas terras e seus filhos. Os meninos eram usados como soldados no campo de batalha e as meninas tornavam-se concubinas. 
Ela era uma bonita moça que foi transformada em concubina real e mais tarde em serviçal dos religiosos protestantes. Conheceu toda a revolta e a guerra cristã européia. Quando sua idade não lhe permitiu mais servir aos caprichos dos nobres, foi dispensada aos campos de batalha para limpar as feridas dos soldados e servir comida a eles.
Os lugares onde as guerras aconteciam tornavam-se atoleiros de brejos lamacentos, mal-cheirosos e friorentos. Ao trabalhar nesse local, viveu, desse modo, todos os horroros da guerra, em meio a chuva, ao frio e a fome.
Ao desencarnar, sua alma era dor pelos sofrimentos que viu e passou. Aceitou expurgar essa dor na falange das guardiãs dos locais de batalhas sangrentas (o brejo) e trabalhou como socorrista dos soldados mortos nos campos.
Hoje, ela trabalha socorrendo as vítimas de catrástofes naturais e também limpa a aura daqueles atingidos por magia negra. Essa é sua especialidade: limpar, purificar e curar. 

Pombagira Cigana das Rosas

"A Senhora das Flores"!

Essa cigana perdeu-se do seu Povo ainda menina, quando eles passavam pela cidade de Marselha. No porto pararam para fazer uma apresentação e comprar iguarias, enquanto houve uma invasão dos saxões. Na confusão que se seguiu, ela perdeu-se e foi levada por uma senhora que morava nas cercanias da cidade. Seus pais lhe procuraram por dias, mas de nada adiantou.
Essa senhora, morava sozinha e cultivava rosas. Queria muito ter uma filha e aquela criança foi seu raio de sol. Com o tempo a menina deixou de sentir a falta de seus pais e afeiçou-se àquela senhora. Cresceu e tornou-se uma linda jovem, que atraía sempre os olhares de todos ao vender as rosas no porto. Todos a chamavam de "A Menina das Rosas". A senhora e ela eram muito felizes e ela nem lembrava mais que havia se perdido de seus pais verdadeiros.
Um dia houve uma invasão de saqueadores na cidade e ao chegar ao sítio, "A Menina das Rosas" encontrou tudo arrasado e sua senhora estava caída ao chão sem vida. Os carrascos ainda estavam nas imediações do sítio e ao avistarem a menina-moça, se acercaram dela e a capturaram, usando-a para se satisfazerem. Depois de muitos dias sendo mantida em cativeiro, conseguiu fugir de seus algozes, mas já não estava mais em Marselha e não reconhecia o local onde se encontrava. Não tinha rosas para vender e não sabia como sobreviver.
Precisou trabalhar em uma estalagem em troca de comida e pouso, mas a condição era servir aos fregueses como eles desejassem. Essa não era a vida que ela desejava. Então, quando conseguiu juntar um dinheiro, fugiu e tentou voltar ao Porto de Marselha. Lá poderia cultivar e vender suas rosas. Ela conseguiu retornar, mas a cidade não era mais a mesma, nem ela era a mesma pessoa. O sítio estava ocupado por desconhecidos e ela não tinha como provar que era a proprietária.
Novamente ela vendeu seu corpo e se sentiu triste por isso. Queria muito voltar a vender rosas. Então, ouviu falar de uma província chamada Provença, onde se cultivavam ervas aromáticas e flores diversas. Ela se dirigiu para lá e andando um pouco a pé e um pouco de carona, conseguiu chegar ao local desejado. Procurou emprego nas fazendas de flores da região e conseguiu se tornar uma coletora. Todos os dias levantava-se muito cedo, tomava seu café e se dirigia ao campo para coletar as flores e ervas diversas. Essa rotina durou mais de vinte anos e foi feliz assim. Nunca se casou e nunca se enamorou. Viveu só, como a sua senhora. Era querida por todos, pois sempre sorria e conversava com respeito. Morreu aos 43 anos de tuberculose - doença que adquiriu do pólen das flores e do ar gelado das estações frias. Seu nome ela nunca revelou, pois gostava de ser a "Menina das Rosas" e depois se tornou a "Senhora das Flores" para os trabalhadores da fazenda. Essa foi sua história e apesar de tudo o que passou, nunca deixou de sorrir e de tratar bem a todos que a cercavam.


Pombagira Sete Ossos da Calunga

Guardiã do Sétimo Portão das Almas!

Essa guerreira foi uma Amazona da Tribo dos Sármatas e viveu no século V a.C. Era filha da princesa de sua tribo, com um soldado de Tróia. Foi treinada desde cedo para as batalhas. Manejava habilmente o arco e a flecha, a lança e a espada. Era uma campeã em provas de lançamentos de dardos e equitação. Seu nome era Sévera.
A religião do seu povo era o paganismo, voltada ao xamanismo, com o culto de todos os símbolos da natureza. Sua raça originou os povos euro-asiáticos e sua crença se tornou a base do druidismo e do xamanismo oriental. Nas guerras, o inimigo era tratado com respeito e lutavam apenas pela sobrevivência de sua aldeia e de seus costumes. Jamais matavam por prazer ou desprezo. A morte para eles era uma passagem a uma nova dimensão e respeitavam isso em todos os momentos.
Aos 21 anos de idade, Sévera foi designada para lutar contra os hunos, em defesa de suas terras. Os hunos eram bárbaros que saqueavam as tribos na tentativa de expandir o seu território. Ela conseguiu, juntamente com as demais guerreiras e auxiliares de guerra, afastar a invasão de suas terras. Anos mais tarde, os hunos novamente levantaram-se contra os Sármatas e, dessa vez, Sévera tombou em combate, aos 28 anos de idade, mas sua nação ainda permaneceu intacta.
Sévera ocupa hoje um dos Sete Portões da Calunga Maior (o Portal da Morte). É uma dedicada guardiã que trabalha na Linha das Almas, para o Senhor Omulu e a Senhora Oyá. Cuida dos espíritos que tombam em combates da vida moderna, como: acidentes, desastres, catástrofes, entre outros. Ao olhar sua imagem não vemos uma pombagira comum, pois ela se veste como os Exus do Cemitério...

Pombagira do Oriente

Uma Gueixa de muitas histórias...

Liu Siu, nasceu em um vilarejo remoto do litoral chinês. Seus pais eram pescadores e passavam por privações. Nessa época o país estava recrutando moças para tornarem-se gueixas e servirem aos homens da aristocracia, recepcionando os embaixadores e oficiais de outros países. Os pais de Liu Siu acharam que estavam fazendo o melhor pela filha ao dá-la para o governo em troca de provisões para a casa. Os meninos ajudariam o pai na pescaria e ela teria uma boa educação. Assim, com apenas 8 anos de idade, Liu Siu foi levada para uma escola de Gueixas.
Muitas meninas eram recrutadas para esse mesmo propósito e ao chegar a Xangai, Siu viu centenas delas pelas ruas. Chegaram a uma pensão-escola, onde as meninas eram selecionadas e separadas em pavilhões de acordo com a idade e aparência. Liu não era uma das moças mais bonitas da comunidade, mas possuía algo raro: o mar nos olhos. Na China, crianças que nascessem com olhos claros eram considerados descendentes dos turcos e mongóis, consquistados por Gengis Khan, portanto eram de uma classe de guerreiros. Liu Siu não sabia, mas seus avós eram mongóis.
As meninas realizavam serviços diversos e afazeres diários e, em troca, elas obtinham educação, comida e roupas. Para uma criança de 8 anos o serviço era puxado, mas as regras eram rígidas: se não fazia, não comia. E se desobedecesse: apanhava. Siu apanhou muitas vezes, não porque desobedeceu, mas  porque seu corpo era franzino e ela não conseguia dar conta dos serviços. Então, muitas vezes não recebia comida e em outras não podia dormir. Mas, ela cresceu. Os dias se arrastaram e ela completou 15 anos. Tornou-se uma moça muita bonita, que começou a atrair olhares cobiçosos e de inveja. Mas ela ainda achava que era uma moça feia.
Um dia Liu Siu foi mandada ao mercado e por ela passou uma baronesa que já havia sido gueixa. Perguntou onde ela morava e Siu muito timidamente contou. A baronesa seguiu com ela até a pensão e pagou por sua liberdade. Siu pensou que sua vida seria diferente a partir desse momento. Ela foi levada a um palácio onde lhe banharam, lhe assearam e lhe vestiram. Depois a baronesa conversou com ela e lhe falou que lhe ensinaria a se comportar como uma lady. Durante 6 meses Siu foi preparada e tornou-se uma moça prendada. Então, chegou o dia que a vestiram com as melhores roupas e lhe passaram os melhores perfumes. Quando ela estava pronta, foi levada ao aposento real. Siu descobriu seu destino: ela seria a concunbina do imperador!
Siu nunca questionou sua vida, sempre seguiu em frente, mas ela sonhava com o amor e com uma vida diferente. Apesar de ser uma moça tímida, ela observava tudo o que acontecia em seu país e não concordava com as maldades que os chineses impunham aos menos favorecidos das nações vizinhas. Seus antepassados falavam com ela e seu sentimento de guerreira começou a aflorar. Durante um ano ela foi o que havia sido preparada para ser: a concunbina do imperador. Mas, aos poucos, começou a ter aulas de inglês, de esgrima e de artes marciais. O imperador achava que era um capricho de uma moça pobre que queria ser rica. Mas dentro de Siu brotava um sentimento de liberdade...
Quando Siu completou 18 anos ela era uma excelente esgrimista e lutadora. Ela conseguiu permissão do imperador e começou a passear pelos arredores do palácio, sempre acompanhada por alguns serviçais. Aos poucos ela percebeu que muitos jovens se reuniam às escodindas tramando destronar o imperador e conquistar a liberdade para os escravos da monarquia. Um dia ela conseguiu ir a uma dessas reuniões. Saiu do palácio na calada da noite e entrou sem ser reconhecida. Viu o líder: um jovem forte e belo, que falava do direito de todas as pessoas de terem sua vida e sua liberdade. Siu apaixonou-se naquele momento. Nem sabia o que era isso, mas sabia que seguiria aquele jovem onde quer que ele fosse. Ele era um ninja guerreiro preparado pelos Monges Tibetanos, que sabiam da intenção do imperador em tomar o Tibet.
A partir daquele dia Siu começou a frequentar as reuniões, sem saber que com isso colocava sua vida e a do jovem em risco. Aos poucos começaram a perceber sua ausência no palácio e um dia a seguiram. Então, na reunião seguinte, cercaram o local e renderam a todos. O imperador aproximou-se de Siu e agracdeceu a ela. O jovem pensou que ela fosse uma espiã e a olhou com ódio. Nessa hora, Siu reuniu toda a sua coragem e colocou-se ao lado do rapaz. Disse que preferia morrer livre a ter que ver seu povo continuar a sofrer. A lei da China é dura com relação a traidores e Siu conheceu o preço que pagaria por sua traição.  O imperador mandou prender a todos, mas pediu tratamento especial a Siu e ao jovem.
Durante dias os dois foram torturados de muitas formas e depois foram levados à praça pública para a execução. Na frente de toda a população, os dois jovens estavam quase nus, sem cabelos e muito feridos. Dois algozes seguravam sua espada para decapitar os jovens. Siu havia descoberto o nome do rapaz: era Chao Pen. Enquanto esperava, ela lembrou de sua infância na praia, de sua adolescência roubada e de seus dias de princesa. Também lembrou do fogo da paixão que sentiu ao conhecer o anseio da liberdade. Olhou para o lado, para o jovem ajoelhado que seria morto como ela. Eles serviriam de exemplo a todos! Quando a espada desceu, Siu deixou uma lágrima escorrer. Estava com 19 anos, ela nada viveu, ela tudo viveu! Uma vida breve, cheia de aventuras. Mas, estava feliz, pois seria um exemplo a ser seguido.
A história da moça pobre que virou concunbina do imperador e que lutou pela liberdade dos tibetanos e dos pescadores, correu a China. Ela tornou-se um exemplo e muitas moças decidiram que seriam guerreiras como Liu Siu, para lutar pelo seu povo, contra a opressão de um imperador. Assim, a China iniciava uma nova história! E Siu uma nova jornada espiritual...

~ * ~ * ~ 燒  ~ * ~ * ~

quinta-feira, 22 de março de 2018

Pombagira Maria Mulambo das Almas

Uma lição de vida única!

A sua história foi a mais triste que eu ouvi. E nunca mais esqueci. Eu a conheci entre os anos de 1993/1994 e essa data mudaria minha vida pra sempre...
Ela era filha de um fazendeiro muito rico. Seu pai era tido na época como o Rei do Café. Uma moça bonita e prometida em casamento, mas apaixonou-se por um dos peões da fazenda. Amaram-se, entregaram-se e viveram esse amor. Ela fugiu com ele. Seu pai os perseguiu. Mudaram-se muitas vezes, mas não foi possível esconder-se pra sempre. O pai possuía dinheiro e sede de vingança. Contratou capangas, que os acharam... Violentaram-na muitas vezes, mataram o peão vagarosamente e cruelmente na sua frente. Ela estava grávida e perdeu o filho. Acordou horas depois em um cemitério. Pensou em se matar, mas acreditava em Deus e não podia tirar a própria vida. Precisava sobreviver... Procurou emprego, mas não lhe deram. Procurou um prostíbulo, mas não a aceitaram, pois seu estado estava deplorável. Teve que mendigar para comer... Sobreviveu a custa de muita dor e sofrimento, lembrando todos os dias de seu amado e de seu filho. Viveu dez anos dessa maneira... A única coisa de bom que possía eram seus dentes saudáveis que vendeu um a um para sobreviver. Quando já não possuía mais forças para lutar uma senhora bondosa lhe ofereceu abrigo, mas já estava doente, debilitada e enfraquecida. Sobreviveu umas poucas semanas e morreu.
Ao chegar do outro lado foi recebida no Hospital Espiritual de Maria... Viu o trabalho dos socorristas e quis ajudar. Quis entender o que lhe aconteceu. Descobriu que seu pai já havia sido seu marido numa vida anterior e que a mantinha trancada. Não guardou mágoas ou rancor... Apenas quis seguir trabalhando no Plano Espiritual. Pediu a Providência Divina que a aceitasse como falangeira para atender aos mendigos e desvalidos, às mulheres que amaram e sofreram, aos que vivem a dor da solidão. E é assim que ela trabalha...
Quando a conheci ela me disse uma frase que eu nunca mais esqueci: "Nunca diga que pior do que está não pode ficar, porque às vezes piora e não sabemos porquê... Mas, é preciso aceitar o fardo e seguir." Na época eu não entendi essa recomendação e me senti frustado. Tempos depois sofri um acidente grave que mudou minha vida pra sempre! Eu não tive sequelas físicas, somente espirituais... É por causa dela que hoje eu cumpro minha missão, porque lembro de sua recomendação e de sua história! Muitas vezes me parece que as coisas pioram, para depois melhorar...

Achei que a imagem abaixo é a que melhor descreve sua dor e sua aparência...
Retirei do seguinte endereço: http://www.fotolog.com/taty_ntl/53038680

Pombagira Menina

Apenas uma menina que perdeu sua inocência...

Essa menina doce e meiga, de olhar oriental, nasceu em Myanmar (Birmânia), no sul da Ásia, no ano de 1838 - na época uma colônia britânica. Em sua tribo as mulheres não alongavam os pescoços com colares (como na Tribo das Mulheres Girafas), apenas tatuavam a pele quando eram prometidas em casamento para mostrar o compromisso e usavam uma pesada tornozeleira. No seu país todos os nativos eram budistas. Seu nome aqui no Brasil seria algo assim como "Swang Pi".
Aos nove anos, foi vendida por seus pais a um grupo se soldados britânicos. Eles pensaram que a vida dela seria melhor em outro país, onde ela teria maiores oportunidades. Mas, ela foi comprada para serví-los de todas as formas. Então desde cedo, juntou-se a outras meninas que se tornaram escravas sexuais de seus tutores. Além de cozinhar, lavar e servir, elas deviam manter-se asseadas e bonitas, pois quando eram procuradas deviam estar dispostas a serví-los bem. Foi assim, que com apenas doze anos de idade, Swang já conhecia o mundo dos adultos. Para fugir dessa realidade aprendeu a consumir bebidas e a usar a pinang - uma espécie de planta misturada ao tabaco - que servia como estimulante. Aos treze anos toda a sua noção de vida real havia se perdido e ela vivia entre a bebida, a droga e o sexo. Desencarnou antes de completar quatorze anos, tendo ataques epiléticos, por conta de uma mistura de bebida, noz de areca e outros alucinógenos.
Acordou no Plano Espiritual, em meio a espíritos sofridos, sem saber o que lhe havia acontecido. Uma avó que lhe amava muito lhe socorreu e levou-a a um hospital espiritual. Quando recuperou sua memória e sua decência, quis entender sua trajetória de vida. Pediu para trabalhar com meninas, que assim como ela, perderam toda a inocência antes da puberdade. A partir de então ela passou a visitar diversos lugares no mundo inteiro, onde haviam meninas que passavam pela mesma situação que a sua. Veio parar no Nordeste brasileiro e conheceu as meninas que também se tornavam escravas sexuais desde cedo. Pediu para ficar nesta terra e fazer parte de um novo trabalho. Conheceu a Seara do Caboclo Sete Encruzilhadas e percebeu que poderia ajudar sem ser julgada ou condenada. Poderia ser ela mesma e simplesmente trabalhar... Assim como ela existem outras meninas com suas histórias de dor e sofrimento e que também trabalham como Pombagiras Meninas na Umbanda Sagrada.

Pombagira Cigana das Rosas

"A Senhora das Flores"!

Essa cigana perdeu-se do seu Povo ainda menina, quando eles passavam pela cidade de Marselha. No porto pararam para fazer uma apresentação e comprar iguarias, enquanto houve uma invasão dos saxões. Na confusão que se seguiu, ela perdeu-se e foi levada por uma senhora que morava nas cercanias da cidade. Seus pais lhe procuraram por dias, mas de nada adiantou.
Essa senhora, morava sozinha e cultivava rosas. Queria muito ter uma filha e aquela criança foi seu raio de sol. Com o tempo a menina deixou de sentir a falta de seus pais e afeiçou-se àquela senhora. Cresceu e tornou-se uma linda jovem, que atraía sempre os olhares de todos ao vender as rosas no porto. Todos a chamavam de "A Menina das Rosas". A senhora e ela eram muito felizes e ela nem lembrava mais que havia se perdido de seus pais verdadeiros.
Um dia houve uma invasão de saqueadores na cidade e ao chegar ao sítio, "A Menina das Rosas" encontrou tudo arrasado e sua senhora estava caída ao chão sem vida. Os carrascos ainda estavam nas imediações do sítio e ao avistarem a menina-moça, se acercaram dela e a capturaram, usando-a para se satisfazerem. Depois de muitos dias sendo mantida em cativeiro, conseguiu fugir de seus algozes, mas já não estava mais em Marselha e não reconhecia o local onde se encontrava. Não tinha rosas para vender e não sabia como sobreviver.
Precisou trabalhar em uma estalagem em troca de comida e pouso, mas a condição era servir aos fregueses como eles desejassem. Essa não era a vida que ela desejava. Então, quando conseguiu juntar um dinheiro, fugiu e tentou voltar ao Porto de Marselha. Lá poderia cultivar e vender suas rosas. Ela conseguiu retornar, mas a cidade não era mais a mesma, nem ela era a mesma pessoa. O sítio estava ocupado por desconhecidos e ela não tinha como provar que era a proprietária.
Novamente ela vendeu seu corpo e se sentiu triste por isso. Queria muito voltar a vender rosas. Então, ouviu falar de uma província chamada Provença, onde se cultivavam ervas aromáticas e flores diversas. Ela se dirigiu para lá e andando um pouco a pé e um pouco de carona, conseguiu chegar ao local desejado. Procurou emprego nas fazendas de flores da região e conseguiu se tornar uma coletora. Todos os dias levantava-se muito cedo, tomava seu café e se dirigia ao campo para coletar as flores e ervas diversas. Essa rotina durou mais de vinte anos e foi feliz assim. Nunca se casou e nunca se enamorou. Viveu só, como a sua senhora. Era querida por todos, pois sempre sorria e conversava com respeito. Morreu aos 43 anos de tuberculose - doença que adquiriu do pólen das flores e do ar gelado das estações frias. Seu nome ela nunca revelou, pois gostava de ser a "Menina das Rosas" e depois se tornou a "Senhora das Flores" para os trabalhadores da fazenda. Essa foi sua história e apesar de tudo o que passou, nunca deixou de sorrir e de tratar bem a todos que a cercavam.


Pombagira do Oriente

Uma Gueixa de muitas histórias...

Liu Siu, nasceu em um vilarejo remoto do litoral chinês. Seus pais eram pescadores e passavam por privações. Nessa época o país estava recrutando moças para tornarem-se gueixas e servirem aos homens da aristocracia, recepcionando os embaixadores e oficiais de outros países. Os pais de Liu Siu acharam que estavam fazendo o melhor pela filha ao dá-la para o governo em troca de provisões para a casa. Os meninos ajudariam o pai na pescaria e ela teria uma boa educação. Assim, com apenas 8 anos de idade, Liu Siu foi levada para uma escola de Gueixas.
Muitas meninas eram recrutadas para esse mesmo propósito e ao chegar a Xangai, Siu viu centenas delas pelas ruas. Chegaram a uma pensão-escola, onde as meninas eram selecionadas e separadas em pavilhões de acordo com a idade e aparência. Liu não era uma das moças mais bonitas da comunidade, mas possuía algo raro: o mar nos olhos. Na China, crianças que nascessem com olhos claros eram considerados descendentes dos turcos e mongóis, consquistados por Gengis Khan, portanto eram de uma classe de guerreiros. Liu Siu não sabia, mas seus avós eram mongóis.
As meninas realizavam serviços diversos e afazeres diários e, em troca, elas obtinham educação, comida e roupas. Para uma criança de 8 anos o serviço era puxado, mas as regras eram rígidas: se não fazia, não comia. E se desobedecesse: apanhava. Siu apanhou muitas vezes, não porque desobedeceu, mas  porque seu corpo era franzino e ela não conseguia dar conta dos serviços. Então, muitas vezes não recebia comida e em outras não podia dormir. Mas, ela cresceu. Os dias se arrastaram e ela completou 15 anos. Tornou-se uma moça muita bonita, que começou a atrair olhares cobiçosos e de inveja. Mas ela ainda achava que era uma moça feia.
Um dia Liu Siu foi mandada ao mercado e por ela passou uma baronesa que já havia sido gueixa. Perguntou onde ela morava e Siu muito timidamente contou. A baronesa seguiu com ela até a pensão e pagou por sua liberdade. Siu pensou que sua vida seria diferente a partir desse momento. Ela foi levada a um palácio onde lhe banharam, lhe assearam e lhe vestiram. Depois a baronesa conversou com ela e lhe falou que lhe ensinaria a se comportar como uma lady. Durante 6 meses Siu foi preparada e tornou-se uma moça prendada. Então, chegou o dia que a vestiram com as melhores roupas e lhe passaram os melhores perfumes. Quando ela estava pronta, foi levada ao aposento real. Siu descobriu seu destino: ela seria a concunbina do imperador!
Siu nunca questionou sua vida, sempre seguiu em frente, mas ela sonhava com o amor e com uma vida diferente. Apesar de ser uma moça tímida, ela observava tudo o que acontecia em seu país e não concordava com as maldades que os chineses impunham aos menos favorecidos das nações vizinhas. Seus antepassados falavam com ela e seu sentimento de guerreira começou a aflorar. Durante um ano ela foi o que havia sido preparada para ser: a concunbina do imperador. Mas, aos poucos, começou a ter aulas de inglês, de esgrima e de artes marciais. O imperador achava que era um capricho de uma moça pobre que queria ser rica. Mas dentro de Siu brotava um sentimento de liberdade...
Quando Siu completou 18 anos ela era uma excelente esgrimista e lutadora. Ela conseguiu permissão do imperador e começou a passear pelos arredores do palácio, sempre acompanhada por alguns serviçais. Aos poucos ela percebeu que muitos jovens se reuniam às escodindas tramando destronar o imperador e conquistar a liberdade para os escravos da monarquia. Um dia ela conseguiu ir a uma dessas reuniões. Saiu do palácio na calada da noite e entrou sem ser reconhecida. Viu o líder: um jovem forte e belo, que falava do direito de todas as pessoas de terem sua vida e sua liberdade. Siu apaixonou-se naquele momento. Nem sabia o que era isso, mas sabia que seguiria aquele jovem onde quer que ele fosse. Ele era um ninja guerreiro preparado pelos Monges Tibetanos, que sabiam da intenção do imperador em tomar o Tibet.
A partir daquele dia Siu começou a frequentar as reuniões, sem saber que com isso colocava sua vida e a do jovem em risco. Aos poucos começaram a perceber sua ausência no palácio e um dia a seguiram. Então, na reunião seguinte, cercaram o local e renderam a todos. O imperador aproximou-se de Siu e agracdeceu a ela. O jovem pensou que ela fosse uma espiã e a olhou com ódio. Nessa hora, Siu reuniu toda a sua coragem e colocou-se ao lado do rapaz. Disse que preferia morrer livre a ter que ver seu povo continuar a sofrer. A lei da China é dura com relação a traidores e Siu conheceu o preço que pagaria por sua traição.  O imperador mandou prender a todos, mas pediu tratamento especial a Siu e ao jovem.
Durante dias os dois foram torturados de muitas formas e depois foram levados à praça pública para a execução. Na frente de toda a população, os dois jovens estavam quase nus, sem cabelos e muito feridos. Dois algozes seguravam sua espada para decapitar os jovens. Siu havia descoberto o nome do rapaz: era Chao Pen. Enquanto esperava, ela lembrou de sua infância na praia, de sua adolescência roubada e de seus dias de princesa. Também lembrou do fogo da paixão que sentiu ao conhecer o anseio da liberdade. Olhou para o lado, para o jovem ajoelhado que seria morto como ela. Eles serviriam de exemplo a todos! Quando a espada desceu, Siu deixou uma lágrima escorrer. Estava com 19 anos, ela nada viveu, ela tudo viveu! Uma vida breve, cheia de aventuras. Mas, estava feliz, pois seria um exemplo a ser seguido.
A história da moça pobre que virou concunbina do imperador e que lutou pela liberdade dos tibetanos e dos pescadores, correu a China. Ela tornou-se um exemplo e muitas moças decidiram que seriam guerreiras como Liu Siu, para lutar pelo seu povo, contra a opressão de um imperador. Assim, a China iniciava uma nova história! E Siu uma nova jornada espiritual...

~ * ~ * ~ 燒  ~ * ~ * ~

Pombagira das Marés - duas histórias e uma vida

A Cabocla Jacy e o Caboclo Tupiniquim.

Ela foi retirada de sua família ainda criança; sequestrada por piratas que atracaram no arpoadouro de sua Terra Natal. Eles encantaram-se com a beleza da menina de longos cabelos negros e olhos cintilantes. Sua família nunca mais a viu ou ouviu falar dela. Na época, início do século XVII, ela tinha 15 anos e estava vendendo os frutos produzidos na propriedade de seus pais, junto ao cais do Porto de Marselha. Foi a última vez que viu a França e foi a última vez que soube o que é pureza... Não se jogou ao mar, pois era muito devota de Nossa Senhora, em todas as suas formas e aparições e acreditava em milagres.
Todas as noites rezava por alguma coisa que pudesse salvá-la desse destino. Ela era escrava sexual dos piratas, cozinheira, faxineira e realizava outras atividades que lhe eram impostas. Desde o dia em que foi retirada de sua terra, nunca mais falou ou sorriu ou derramou uma lágrima sequer. Apenas rezou todos os dias, pedindo a Deus clemência e misericórdia para seus dias cheios de dor e angústia. Quando faziam dois anos que estava a bordo do navio e já haviam viajado meio mundo; alguns piratas passaram a tratá-la com respeito e carinho e nunca mais a tocaram. Isso apazigou seu coração.
Então, um dia, eles aportaram em uma terra nova, diferente, cheia de pessoas mestiças, de pele escura, tatuadas, pintadas ou enfeitadas com penas de aves. Disseram a ela que essa terra era a América.
Ela se encantou com o lugar, com a natureza, com as pessoas, enfim, com tudo... Era diferente, colorido, fresco e, pela primeira vez, ela sorriu. Foi quando viu no meio das folhagens alguém a observando: era Tupiniquim, filho do Chefe Guaracy, dos Kaingangs. Ele sentiu em seu peito que Chefe Tupã o chamava para aquela moça e que ela era sua prometida. Observou durante o dia todo o movimento do navio e entendeu que ela era uma prisioneira, pois viu seus pés acorrentados. Sentiu seu coração triste e uma dor aguda congelou sua alma. Ele tinha que salvá-la!
Durante a noite, reuniu-se com seu pai, o Cacique da Tribo e narrou os fatos. Chefe Guaracy falou que índio não interferia em negociação de homem branco, ainda mais "aqueles homens" da bandeira negra do navio (piratas). Tupiniquim, não se amedrontou, reuniu seus amigos guerreiros e espreitou por mais um dia. Percebeu que, em determinados horários, ela ficava sozinha próximo a uma fogueira, preparando alimentos. Ele aproveitou essa distração dos piratas e avançou com seus amigos sobre a moça, agarrando-a e colocando-a sobre seus ombros. Saíram em disparada para as matas e levaram ela para a Oca da Mulheres, na Tribo Central. Os piratas nem viram o que aconteceu, pensaram que algum bicho selvagem pegou a moça. Tupiniquim explicou às índias que aquela moça era prisioneira do homem branco, mas não era como eles e pediu que a tratassem e a cuidassem.
Pela primeira vez, depois de tantos meses, ela sentiu que alguém a olhava como uma mulher e como uma igual. Deixou que a banhassem, que a trocassem e que a limpassem. Curaram suas feridas, lhe medicaram, lhe alimentaram, lhe acarinharam. Ela nunca havia chorado desde que saiu da França mas, naquele dia, todas as lágrimas saíram de seus olhos e ela chorou muito... Chorou de tristeza, de desespero, de medo, de raiva, de incompreensão e de insegurança. Apenas chorou, nada disse, mas as índias entenderam, pois desde que o homem branco havia chegado àquelas terras, elas já tinham ouvido falar de muitas histórias sobre sua selvageria. E ainda diziam que os índios eram os selvagens!
Ela esqueceu seu nome para sempre (Nádja) e aprendeu uma nova língua: o tupi-guarani. Chamaram-lhe de Jacy, por causa de seus cabelos longos e negros. Começou a ajudar as índias em seus afazeres e logo tornou-se uma delas. Estava feliz. Era livre... Pensou em seus pais e rezou a Deus por eles. De vez em quando, Tupiniquim lhe trazia uma flor, uma fruta ou uma pena de ave colorida e aos poucos eles foram se aproximando. Chefe Guaracy disse a Tupiniquim que ele deveria casar com uma índia e não com moça de outra raça, mas ele disse ao pai que seu coração já pertencia a ela, desde o dia em que a viu.
Quando fazia um ano que ela estava entre os índios, Tupiniquim lhe pediu em casamento. Ela teve medo, não era mais moça e sofreu muitos maus-tratos. Tupiniquim disse que não se importava e entendia tudo, ela não precisava falar nada. Ela aceitou. Chefe Guaracy celebrou a união junto com toda a Tribo e o Pagé Sagui. Foi uma festa! Todos os índios já gostavam de Jacy, pois ela uma moça boa e meiga. Eles só não entendiam porque ela olhava tantas vezes para o Céu e ajoelhava-se... Então, um dia, ela disse porque fazia isso: estava rezando para o seu Deus e Nossa Senhora. Explicou para os índios quem eles eram... Os índios falaram de Tupã, que era Deus, de M'Boi que era o filho dele e de Jacy, sua esposa... Falaram pra ela que ela parecia com Jacy e por isso recebeu esse nome. Então Nádja, entendeu que Nossa Senhora sempre cuidou dela, mesmo em outra nação, com outro idioma e com outra crença. E ela sentiu-se protegida e agradecida.
Jacy e Tupiniquim tiveram 8 filhos: quatro meninos e quatro meninas. Criaram todos livre e iguais. Com o tempo eles embrenharam-se mais nas matas para fugir do homem branco e das invasões. Jacy já era uma nativa indígena e esqueceu seu sangue europeu. Foi feliz nessa terra. Ela e Tupiniquim morreram abraçados na mesma rede, na Oca em que construíram. Já tinham dezesseis netos e dois bisnetos. Os índios diziam que eles eram almas prometidas e que os deuses os uniram no mesmo local.
Quando despertaram do outro lado, Tupiniquim tornou-se um Chefe Guerreiro que ajudou os falangeiros espirituais na luta contra a opressão e a escravização. Jacy (Nádja) foi convidada a trabalhar como falangeira socorrista de Maria Madalena, em nome de Nossa Senhora. Os dois atuariam em campos diferentes, mas poderiam sempre se ver e se auxiliar. Assim, temos Tupiniquim: um Caboclo Chefe de Direita, atuando na Linha de Oxóssi e Nádja, uma Pombagira da Linha das Águas, mas que pode, ocasionalmente, atuar na direita como Cabocla Jacy. Ela é uma entidade de dupla ação e dupla energia e pode trabalhar "cruzada", como falam nas giras.

Exu Sete Capas da Jurema e Pombagira Rainha das Matas

Dois caminhos que se cruzaram e formaram uma só história.

Eles viveram no século XV, em meio ao caos da Inquisição e da Perseguição a todos aqueles que professassem uma religião ancestral. Ele era um soldado da Coroa Espanhola e trabalhava a serviço dos Inquisidores Negros. Ela era uma aprendiz da religião da Grande Deusa. Ele viajava muito para capturar os "traidores" da Coroa. Ela morava no norte da Irlanda, onde ainda se preservavam os costumes da religião pagã.
Quando ele passou pelo vilarejo a viu e trocaram olhares. Ela não sabia quem era aquele soldado ou o que ele fazia; muito menos ele desconfiou das suas tradições. Estavam apenas de passagem procurando vestígios da Antiga Religião e cúmplices dos rituais pagãos. Pernoitaram em uma pousada no vilarejo. Ela era a serviçal do local e o serviu durante todo o tempo em que ele esteve hospedado.
Dois dias depois, o regimento seguiu viagem para percorrer todo o território; mas, voltaram em alguns meses. Então, reencontraram-se e dessa vez decidiram estar juntos. Enquanto seu regimento seguiu viagem, ele ficou no Vilarejo por mais duas semanas. Conheceu os familiares dela e assumiram compromisso. Depois retornou à Espanha, para prosseguir com seu trabalho. Todo soldado da Inquisição trabalhava em sigilo, por isso ela não soube o que ele fazia. Os aldeões também guardavam segredo sobre suas práticas por medo de represálias.
Assim, eles assumiram um compromisso que estava entremeado ao destino de cada um... De seis em seis meses ele retornava ao Vilarejo para visitá-la. Marcaram as festividades para o casamento, que se realizaria dentro de um ano, pois ela ainda era menina-moça e ele precisava retornar para terminar alguns compromissos junto a Coroa Espanhola.
No decorrer desse tempo, a Inquisição Italiana assumiu a frente de capturar todos os seguidores da antiga religião e todos os Reinos passaram a servir ao Papado e a Aristocracia Romana. Eles não se viam há mais de três meses e muitas perseguições começaram a ocorrer durante esse período. Foi a época mais negra da história! O vilarejo foi devastado e ela foi levada em frente ao Tribunal da Inquisição Romana. Ele estava lá e a viu... Foi quando cada um soube a verdade sobre o outro.
Ele a procurou na prisão para conversar e ela lhe contou tudo. Ele ficou aflito, pois não sabia o que fazer e que atitude tomar... Tentou interceder por ela e explicou ao Sumo-Pontífice que ela era sua noiva e que nada tinha a ver com aquilo tudo; mas, foi em vão...  A sentença já estava decretada: ela seria decapitada como herege.
No dia da execução ele estava lá e quando o algoz ergueu o machado da execução, ele não se conteve: empunhou sua espada e subiu ao palco das condenações. Matou o algoz e cortou as cordas que prendiam sua amada. Porém, tudo foi em vão, porque em poucos minutos a guarda armada já havia cercado todo o tablado. O Bispo que a tudo assistia, insuflou a multidão dizendo: "Vejam: a feiticeira enfeitiçou nosso soldado! Queimem-na..."
Ela foi arrastada à fogueira e ele foi recolhido à masmorra, como traidor. Por ser soldado, não foi executado, mas terminou seus dias na prisão... Ela morreu em meio às chamas no centro da Cidade Romana. Encontraram-se anos depois no Plano Espiritual, para reconstruírem sua jornada juntos. Hoje, eles trabalham na Umbanda Sagrada e servem ao Amor Maior com dedicação e coragem.

A Pombagira do Brejo

E sua missão de cura.

Essa importante, mas quase desconhecida Pombagira, trabalha na Linha de Nanã, com a energia de cura das águas dos lagos e pântanos. Em sua última experiência de vida, nasceu em 1630, na região de Estrasburgo, na Alemanha Ocidental; em plena Guerra dos Trinta Anos, onde vários países europeus guerreavam entre si por terras, poder e religião. Nesse período, a Alemanha viveu um de seus piores declínios.
Sua família era de origem nobre e seus pais eram importantes comerciantes judeus na época. O estado alemão confiscou seus bens, suas terras e seus filhos. Os meninos eram usados como soldados no campo de batalha e as meninas tornavam-se concubinas. 
Ela era uma bonita moça que foi transformada em concubina real e mais tarde em serviçal dos religiosos protestantes. Conheceu toda a revolta e a guerra cristã européia. Quando sua idade não lhe permitiu mais servir aos caprichos dos nobres, foi dispensada aos campos de batalha para limpar as feridas dos soldados e servir comida a eles.
Os lugares onde as guerras aconteciam tornavam-se atoleiros de brejos lamacentos, mal-cheirosos e friorentos. Ao trabalhar nesse local, viveu, desse modo, todos os horroros da guerra, em meio a chuva, ao frio e a fome.
Ao desencarnar, sua alma era dor pelos sofrimentos que viu e passou. Aceitou expurgar essa dor na falange das guardiãs dos locais de batalhas sangrentas (o brejo) e trabalhou como socorrista dos soldados mortos nos campos.
Hoje, ela trabalha socorrendo as vítimas de catrástofes naturais e também limpa a aura daqueles atingidos por magia negra. Essa é sua especialidade: limpar, purificar e curar. 

Pombagira Maria Quitéria das Almas

A Sedutora do Reino da Magia!

Essa pombagira nasceu em 1624 no Reino de Portugal, em Lisboa. Como toda portuguesa, ela recebeu o primeiro nome de Maria e o segundo nome de Quitéria, em homenagem a Santa portuguesa. Ela foi criada por sua avó materna, pois sua mãe era viúva e enamorou-se do imediato de um navio mercante, seguindo com ele em viagem. Sua avó sabia a arte da cura pelo benzimento e pelas ervas e lhe passou todo esse conhecimento. Ela também recebeu o conhecimento ancestral do Povo Rom, da linhagem cigana, por parte de seu avô materno.
Assim, Maria cresceu, tornou-se uma moça bela e instruída nas artes do ocultismo. Quando ela completou 17 anos sua avó faleceu de complicações diversas recorrentes de problemas respiratórios. Então, Maria decidiu vender o que restou na casa e seguiu viagem para a Terra Nova, Brasil. Ao chegar ao Rio de Janeiro, descobriu que as coisas não seriam tão fáceis como ela pensou. Conseguiu emprego em uma estalagem, como arrumadeira, cozinheira e serviçal. Trabalhou um ano até conhecer seu futuro marido (José), que a tirou do trabalho e a levou para morar com ele no interior de Minas Gerais.
Com 19 anos Maria teve seu primeiro filho na fazenda onde seu esposo trabalhava como capataz. Maria era uma moça prendada e sabia cuidar da casa e do marido com muito carinho e isso despertou olhares cobiçosos de outros jagunços da fazenda. Passaram dois anos de harmonia e paz, até que um dia José chegou em casa e encontrou Maria desacordada nos braços de outro. Ele não pensou duas vezes, matou-a com 7 tiros e atirou contra seu companheiro que fugiu porta afora. A criança foi entregue aos cuidados de uma família da fazenda.
José viveu muitos anos infeliz e sem ninguém. Queria muito saber porque Maria fizera aquilo com ele. Maria vagou após sua morte por muitos anos... Um dia, passava José por uma mercearia a caminho da fazenda e parou pra beber uns tragos. Enquanto bebia viu que chegou um homem conhecido. José reconheceu o farsante que desgraçou sua vida e foi pra cima dele, ameaçando-o. Estava para puxar o gatilho quando o homem pediu misericórdia em troca de dizer-lhe a verdade.
José esperou e o jagunço contou a seguinte história: "Ele procurou Maria algumas vezes pedindo ajuda para sua mãe que não passava bem. Então, Maria lhe preparou uma garrafada com várias ervas e lhe instruiu como tratar de sua mãe. Mas, alertou-o que o remédio causava um forte sono e por isso devia ser tomado somente a noite. No dia da tragédia ele pediu ajuda a Maria novamente, dessa vez dizendo que ele não se sentia bem.
Maria serviu o chá aos dois e tomou-o para acompanhá-lo, mas não percebeu que o jagunço havia acrescentado ao chá o preparado. Ela sentiu diferença no gosto, mas não levou em consideração. Quando ela sentiu sonolência, pediu ao jagunço licença, ele saiu e ela foi se deitar. Ele esperou até que ela dormisse e foi ter com ela... Maria até que começou a acordar, mas ele trancou sua respiração e ela desmaiou. Então, ele aproveitou fazer o que desejava... Foi quando José chegou e ocorreu o fato."
José ao ouvir essa história ficou desconsolado. Então, sua Maria era inocente! José não pensou duas vezes, levou o jagunço pra fora do armazém e lhe deu três tiros na cabeça. Depois desse crime, José evadiu-se de Minas Gerais e nunca mais foi visto. Maria, por sua vez, foi recolhida ao plano espiritual e pode enfim descansar. Após o tratamento e o refazimento, Maria passou a trabalhar na Linha das Almas, na Falange "Maria Quitéria". Maria sempre gostou da história de Santa Quitéria, porque assim como a sua, era uma história de dor, desejo e traição.